Este breve texto tem como objetivo mostrar o que não é Pensamento Computacional, ou seja, quais conceitos não cabem dentro deste termo. Já abordei em outro texto o conceito de Pensamento Computacional e posso afirmar que se distingue de Ciências da Computação. A Ciência da Computação procura ensinar a aplicação da computação matemática. O ensino da programação faz parte dessa ciência e apesar do pensamento computacional fazer uso da programação, podemos dizer que ele é mais voltado para a solução de problemas.  O pensamento computacional tem uma longa história na ciência da computação. “Conhecido nas décadas de 1950 e 1960 como pensamento algorítmico, significa uma orientação mental para formular problemas como conversões de alguma entrada em uma saída”.  (Denning, 2009 p.30). Ou seja, é a definição de um problema que receba entradas, realiza um processo e apresenta repostas. Portanto, hoje o conceito foi ampliado para incluir o pensamento com muitos níveis de abstrações, uso de matemática para desenvolver algoritmos e examinar quão bem uma solução é dimensionada para um determinado problema. O que o diferencia o Pensamento Computacional de outras abordagens de solução de problemas é que assume que um computador executará a solução eventual. O Pensamento Computacional ensina uma abordagem para a solução de problemas em que o objetivo final é fornecer uma solução cuja forma esteja pronta para ser programada em um computador. (BECKER, 2017). O conhecimento desses conceitos é importante para conhecermos as possibilidades e usos do pensamento computacional, já que não são restritos somente à área de Ciências da Computação. Sobre as habilidades desenvolvidas pelo Pensamento Computacional, Hemmendiger (2010 p.5) coloca que “Construir modelos, encontrar e corrigir erros, desenhar diagramas, analisar – todas essas são partes de atividades científicas (e outras)”. Concluindo, pensamento computacional não tem por objetivo preparar alguém para as ciências da computação e sim ensinar elementos comuns para resolver problemas do cotidiano. Alguns países, como Reino Unido já utilizam dessa proposta em seus currículos para que alunos desenvolvam estas habilidades a fim de desenvolver a chamada cultura digital (Department for Education, 2013).

Referências bibliográficas:

BEECHER, K. Computational Thinking, A beginner’s guide to problem – solving and programming. BCS Learning & Development Ltd. Swindon, UK. 2017

Denning, P. Beyond computation thinking. Communications of the ACM, vol. 52. n. 6. 2009. DOI:10.1145/1516046.1516054.

Department for Education. National curriculum in England: computing programmes of study. (2013) Disponível em: https://www.gov.uk/government/publications/national-curriculum-in-england-computing-programmes-of-study/national-curriculum-in-england-computing-programmes-of-study. Acesso em 12/10/2020.

Hemmendinger, D. A plea for modesty. ACM Inroads. Vol. 1. N. 2. Junho. 2010